domingo, 16 de outubro de 2011

Bailarino vence barreiras e sonha com palco no Exterior



O jovem Ajozadaque Silva, ou AJ, como prefere ser chamado, partiu da cidade de Rio Branco, no Acre, há cerca de três anos. Aos 18 anos, ele tinha um sonho na bagagem: ser bailarino clássico, sem nunca ter dançado balé na vida. Ele ficou sabendo de um concurso que aconteceria em Indaiatuba, ensaiou sozinho uma coreografia observando os passos de um bailarino em um DVD e resolveu arriscar. 

'Quando vim para Indaiatuba, percebi que não tinha o conhecimento para atingir meu sonho. No Acre, com 15 anos, eu ganhei uma bolsa para aprender a dançar jazz, mas era muito diferente. Quando cheguei, vi que minha ideia da dança não era nada diante daquelas apresentações. Mas decidi que me aperfeiçoaria para atingir meu ideal de um dia ser integrante de uma companhiainternacional de balé clássico”, conta o bailarino. 

No último mês de julho, ao participar do 21º  Seminário Internacional de Dança de Brasília, as portas da The Goh Ballet Academy, de Vancouver, Canadá, se abriram para ele. Dentre 200 inscritos, AJ foi um dos 30 candidatos escolhidos por uma das escolas da companhia. Agora ele se prepara para ir para o Canadá integrar o grupo por dois anos, e corre contra o tempo para conseguir patrocínio eviajar em setembro. 

Após sua passagem pelo concurso de Indaiatuba, AJ decidiu ficar para tentar achar um meio de realizar seu sonho, já que no Acre seria muito mais difícil. No início, conseguiu ficar hospedado em uma escola e tinha que levantar às 6h e ficar o dia todo na rua até o horário em que terminavam as aulas. 

“Durante o dia, como ainda não tinha um trabalho, eu acabava ficando em uma biblioteca lendo. Além disso, aproveitava para estudar inglês, que sempre aprendi sozinho, pois sabia que uma oportunidade fora do País exigiria isso”, diz AJ. Mas, para se manter, acabou arrumando um emprego em uma empresa de cosméticos em Campinas, como vendedor de produtos de porta em porta, e teve que mudar para a cidade. 

Depois de sete meses, período em que ficou totalmente afastado da dança, passou em frente ao Projeto Prodança e resolveu que era o momento de tentar uma nova oportunidade. “Eu não estava mais conseguindo ficar sem dançar, sei que nasci para isso. Dois dias após ter conhecido o projeto, tomei coragem e resolvi pedir uma chance para dançar e mostrar o que eu sabia”, conta o bailarino.

“Quando vi o AJ dançando, fiquei impressionada com o talento dele. Resolvi que colocaria ele para aprender a dançar aqui, e com o tempo ele passou também a ser professor e ajudar na secretaria”, conta Walkíria Coelho, professora de balé e responsável pela ONG Projeto Prodança Criança Escola, que atua há 20 anos em Campinas.

“AJ tem todos os atributos que um bailarino clássico precisa para ter uma carreira internacional. Ele é aquilo que chamamos de diamante bruto, ele só precisa da oportunidade para ser lapidado, pois dedicação e força de vontade ele tem, e muito”, diz Walkíria.
A coordenadora da ONG acredita que esta pode ser a única oportunidade que o bailarino pode ter para fazer uma carreira internacional. “Ele já está com 22 anos, e para um bailarino a idade conta muito. Quanto mais novo, mais chances existem. Por isso, acredito que ele não pode perder esta oportunidade”, acrescenta.

Em 2009, o jovem disputou concurso nacional Passo de Arte, em Indaiatuba, e ficou em sétimo lugar entre 150 bailarino de todo o Brasil. Em 2010, em Salto, foi classificado em primeiro lugar. Este ano, no festival promovido em Barra Bonita, foi congratulado como “bailarino destaque”, além de alcançar do primeiro ao terceiro lugares competindo em grupo junto com o Espaço D Valinhos.

Quem tiver interesse em ajudar, pode entrar em contato com a ONG Prodança pelo fone (19) 3272-6041. Caso alguma empresa tenha interesse, existe a possibilidade de a verba doada ser abatida no imposto de renda.


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